domingo, 24 de setembro de 2017

Maria e os discípulos amados(as)

Maria de Nazaré sonhava em ser mãe, como era costume no seu tempo. Quando recebeu o anúncio do anjo de Deus, ficou surpresa e feliz! Após diálogo e reflexão, aceitou com inteireza o convite de Deus (Lc 1,38). E assim, o Filho de Deus se fez humano como nós, em Jesus de Nazaré (Jo 1,18). Maria e José exerceram sua missão de pais e educadores com muito zelo. Conta-se que José faleceu antes que Jesus partisse em missão. E quando o mestre caminhava pelas vilas e cidades, Maria ia junto com seus seguidores e seguidoras. 

Numa sexta-feira, em Jerusalém, aconteceu o momento mais triste de sua vida. Jesus, filho único e tão querido, foi condenado à morte injustamente e terminou sua vida de forma horrível, na cruz. Maria deve ter pensado: acabou o meu sonho de mãe!
Mas então, ocorreu algo extraordinário. Jesus delegou para ela a missão de mãe da comunidade! Disse para o discípulo amado: “Eis aí a tua mãe” (Jo 19,27). Seria uma adoção recíproca. Maria entendeu. Agora ela não cuidaria somente de um filho, mas sim de todos os seguidores de Jesus. O texto bíblico diz literalmente: “a partir daquela hora o discípulo a recebeu naquilo que era seu”, ou seja, na totalidade de sua pessoa. Na morte e ressurreição de Jesus ela se torna a nossa Mãe.

Desde criança, Lena sonhava em ser mãe. Trabalhava como enfermeira. Casou-se e teve um filho. Eles formavam uma família encantadora. O rapaz frequentava a faculdade, tinha um bom emprego e estava namorando. Lena pensou que sua missão materna estava realizada. Faltava somente um netinho. Mas o filho único morreu num acidente de carro. Um grande sonho acabou! O que vai seria dela agora, como mãe?
Em seu trabalho, Lena via as adolescentes grávidas que faziam acompanhamento pré-natal. Certo dia, encontrou uma delas e percebeu como a menina de 14 anos estava confusa e desemparada. Não tinha emprego nem condições de preparar o enxoval do futuro bebê. Então, Lena redescobriu sua vocação de mãe: ela iria ajudar a menina a reconstruir sua vida. Começou a concretizar o novo sonho de mãe. Conversou com algumas amigas e elas recolhiam material reutilizado para bebês, como berços e carrinhos. Dedicou-se a escutar as mulheres grávidas e ajudá-las. A iniciativa se consolidou com uma Associação de proteção às adolescentes e mulheres grávidas na sua cidade. Lena diz: “hoje sou a mãe de muitas mulheres. Aprendi a trata-las como pessoas a serem valorizadas. A associação é uma comunidade de mulheres que se ajudam. Quem já passou pela experiência, fortalece as outras”.

Como Lena, Maria expandiu sua maternidade. Mais ainda. Tornou-se a mãe de todos. Hoje, na comunhão dos santos, podemos contar com Maria. A ela recorremos, confiantes, e provamos sua presença materna.

Afonso Murad - Publicado no folheto ODomingo
Imagem: Filme "Paixão de Cristo"

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