domingo, 27 de agosto de 2017

Ladainha Mariana a partir da Bíblia

As ladainhas de Nossa Senhora apresentam alguns títulos e qualidades que o povo cristão atribui a Maria. Oferecemos aqui uma ladainha atual, que destaca suas qualidades bíblicas. Assim, a devoção mariana se torna mais profunda, pois está enraizada na Palavra de Deus e na fé em Jesus. Reze sozinho(a) ou em comunidade. E medite as palavras.

Em Nazaré
Maria de Nazaré, rogai por nós.
Menina que encantou os olhos de Deus, rogai por nós.
Amada de José, rogai por nós.
Jovem questionadora, rogai por nós.
Servidora do Senhor, rogai por nós.
Mulher do Sim sempre renovado.
Aquela que medita o sentido dos fatos, rogai por nós.
Educadora de Jesus, rogai por nós.
Aquela que vê Deus nos véus do cotidiano, rogai por nós.

Na casa de Isabel - Magnificat
Maria missionária, rogai por nós.
Símbolo da solidariedade, rogai por nós.
Feliz porque acreditou nas promessas de Deus, rogai por nós.
Amiga de Isabel, rogai por nós.
Cantora das obras de Deus, rogai por nós.
Símbolo de inteireza, rogai por nós.
Profetiza da justiça, rogai por nós.
Esperança de libertação integral, rogai por nós.

Em Belém
Maria de Belém, rogai por nós.
Companheira de José, rogai por nós.
Jovem Mãe de Jesus, rogai por nós.
Amiga dos pastores, rogai por nós.
Primeira testemunha da encarnação, rogai por nós.
Símbolo da alegria, rogai por nós.

No templo de Jerusalém
Maria de Jerusalém, rogai por nós.
Mulher oferente, rogai por nós.
Aquela que crê, sem tudo compreender, rogai por nós.
Peregrina na fé, rogai por nós.
Mãe dos peregrinos, rogai por nós.

Ir. Afonso Murad
Publicado no livro "Maria, toda de Deus e tão humana" e no folheto ODomingo
Desenho: Frater Anderson msc

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Aparecida: Mãe dos Católicos do Brasil

2ª Versão da Apresentação: "Aparecida. Significados pastorais para a Igreja do Brasil"

O culto à mãe de Deus na piedade popular

Esta é uma versão atualizada da apresentação: Devoção a Maria. Ancoragem e perespectivas.



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Assumida e transformada: Assunção de Maria

O que significa a Assunção de Maria? Esta festa celebra que, ao terminar sua vida aqui na terra, ela foi totalmente assumida por Deus, de corpo e alma. Não uma simples “viagem ao céu” ou a reanimação de um morto, como Lázaro (Jo 11,43-44) e o filho da viúva de Naim (Lc 7,13-15). O corpo de Maria foi transformado por Deus, embora não saibamos os detalhes. Ela já experimenta o que está prometido para cada um de nós: sermos semelhantes a Jesus ressuscitado (1 Jo 3,2). Paulo assegurou: se morremos com ele, com ele ressuscitaremos (Rom 6,8). Maria está junto de Jesus, glorificada por inteiro. Deus assumiu e elevou sua história, o sim renovado, suas ações, a sua pessoa inteira.

O dogma da assunção estimula a fé, especialmente quando o mal parece destruir as conquistas do Bem. Deus assumiu e transformou tudo de bom que Maria construiu aqui na terra, inclusive o seu corpo. Olhando para Maria glorificada, a gente se anima a lutar pelo bem e pela justiça. Mesmo que a incompreensão e o fracasso pareçam mais fortes, cremos na vitória definitiva do Cristo ressuscitado. Ele inaugura o “Novo Céu e a Nova Terra”, onde Maria já está. Lá, Jesus ficará definitivamente juntinho de nós (Fil 1,23). Não haverá nem morte, nem sofrimento. O Senhor fará novas todas as coisas (Ap 21,1-7).

A assunção de Maria foi o término feliz de seu peregrinar nesse mundo. Cada vez que ela dava novos passos para seguir a Jesus, para realizar a vontade de Deus, o Senhor ia assumindo e transformando sua pessoa. Até que chegou o momento final. Acontece algo parecido com cada cristão. Na vida de fé, cada novo passo novo corresponde a um dom da parte de Deus. Ele nos acolhe, toma-nos pela mão, assume-nos e nos transforma. Conforme o Concílio Vaticano II, Maria assunta ao Céu é a imagem e o começo da comunidade dos seus seguidores, a ser consumada no futuro. Ela brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e de conforto para o povo de Deus peregrino, até que chegue o dia do Senhor (Lumen Gentium 68).

Texto: Afonso Murad - Folheto ODomingo

domingo, 13 de agosto de 2017

Maria e os evangelizadores

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” propõe cinco atitudes para os evangelizadores, como pessoas e comunidades em missão (EG 24).

(1) Ir na frente: a comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (1 Jo 4, 10). Por isso, ela vai à frente, vai ao encontro, procura os afastados e chega às encruzilhadas dos caminhos para convidar os que estão à margem.
(2) Envolver-se: com obras e gestos, os evangelizadores entram na vida diária dos outros, encurtam as distâncias, abaixam-se e assumem a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Contraem assim o “cheiro de ovelha”, e estas escutam a sua voz.
(3) Acompanhar: a comunidade acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece e suporta as longas esperas. A evangelização exige muita paciência, e evita deter-se nas limitações.
(4) Frutificar: o missionário mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. Encontra o modo para que a Palavra se encarne na situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de imperfeitos.
5) Festejar: os evangelizadores, cheios de alegria, sabem festejar. Celebram os passos dados, cada vitória. E se alimentam da liturgia.

Estas atitudes estão antecipadas em Maria, a mãe de Jesus. Ao olhar para ela, vemos que  Maria é o modelo dos discípulos-missionários/as.
- Maria sai na frente, indo depressa ao encontro de Isabel (Lc 1,39). Em Caná, toma a iniciativa, quando percebe que falta o principal da festa (Jo 2,1-12).
- Maria se envolve inteiramente na missão de educar Jesus. Quando este se torna adulto e parte em missão, ela acompanha discretamente seu filho. Diante da cruz, Maria assume a missão de mãe de toda a comunidade dos seguidores de Jesus (Jo 19,26).
- Porque Maria tem fé, escuta a Palavra, medita no coração e a frutifica. Bendito é o fruto de seu ventre, diz Isabel! (Lc 1,42). Quantas coisas boas Maria plantou e colheu durante sua existência.
- Por fim, ela sabe festejar. Seu cântico de louvor começa com uma explosão de alegria: “Minha alma engrandece o Senhor. E se alegra meu espírito em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46).


Que Maria nos inspire para evangelizar com generosidade, ousadia, persistência e alegria. Que o Senhor Jesus desperte nosso coração, mobilize nossos pés e nos leve por caminhos novos, a serviço da humanidade. Maria, nossa mãe e companheira, vai com a gente!

Afonso Murad - Publicado no folheto ODomingo.
Desenho: Anderson.

domingo, 6 de agosto de 2017

Perseverar no momento mais difícil

Uma característica decisiva do seguidor(a) de Jesus é o compromisso de vida que se prolonga no tempo, enfrentando as crises. Nas palavras do mestre: “permanecer em mim e eu nele” (Jo 6,56; 15,4) ou “permanecer no meu amor” (Jo 15,9). Jesus deseja estabelecer uma sintonia profunda, comunhão de mente e de coração com a sua comunidade. Tal é o sentido da imagem da videira e dos ramos (15,1-11). “Se vocês permanecerem na minha palavra, serão verdadeiramente meus discípulos. Vocês conhecerão a verdade, e a verdade fará de vocês pessoas livres” (cf. Jo 8,31s). Trata-se de uma atitude constantemente renovada: “Quem pretende permanecer nele, deve também percorrer o caminho que Jesus andou” (1 Jo 2,6).
Maria está junto à cruz de Jesus no dia de sua morte. Ela apareceu no início de missão de Jesus, em Caná (Jo 2,1-11), levando seus discípulos a acreditarem nele. Agora, volta de novo à cena. Dessa vez, no final de sua vida pública, mas não há nenhum sinal extraordinário. Ao contrário, o momento da cruz desafia a fé de qualquer um. Maria faz parte do pequeno grupo que perseverou, que não fugiu no momento da perseguição e da crucifixão de Jesus. É a corajosa companheira de Jesus, que permanece no seu amor. Imaginamos que ela se manteve de pé, o que significa persistência e constância na adesão.
Junto com Maria há outras mulheres: sua irmã, Maria de Cléofas, e Madalena. Sobrou somente um homem, o “discípulo amado”.  Estas pessoas seguem os passos de Jesus até o final, como seus discípulos, companheiros e amigos (Jo 15,15).
Maria permaneceu ao lado de Jesus na cruz porque andou no mesmo caminho dele, durante toda a vida. No início, como mãe e educadora, ela dava a direção e orientava. Quando Jesus se tornou adulto e partiu para a missão, Maria não ficou em casa curtindo a saudade, nem interferiu na sua atuação. Ela participou da nova família de Jesus, daqueles que escutavam sua palavra e a colocavam em prática (Lc 2,22). Portanto, a presença junto da cruz é a culminância de um vínculo estabelecido durante toda a vida.
Manter-se junto à cruz é gesto silencioso e profundo. Quando a dor é muito grande e a situação não tem explicação, não adianta falar. Basta a presença. Maria, as mulheres e o discípulo amado são os únicos que perseveram nesta situação tão difícil. Permanecem com Jesus e em Jesus, em público. Participam dos riscos e do escândalo de sua morte de cruz.

Maria, ensina-nos a andar no caminho de Jesus. Mantém-nos junto a Ele, perseverantes nas crises e dificuldades! Amém!
Texto: Afonso Murad - Folheto O Domingo
Imagem: representação africana da cena da cruz