A vida da gente é tecida com alegrias e tristezas. O que as
qualifica não é a quantidade de momentos, e sim a sua intensidade e
profundidade, segundo um projeto de vida. A devoção popular encontrou 7
alegrias na vida de Maria, que são inspiradoras para nós.
(1) O contentamento
na anunciação (Lc 1,26): A primeira palavra dirigida a Maria é exatamente
esta: “alegre-se”. Aliás, todo o relato da infância em Lucas está encharcado
por este sentimento duradouro. Quando o messias vem, o povo se alegra. Maria
prova uma imensa alegria ao receber o convite de Deus. Sente-se agraciada e
envolvida por algo encantador.
(2) A alegria do
encontro com Isabel (Lc 1,39-45): Maria sai às pressas para visitar sua
parenta. Isabel é tomada de euforia. Proclama que Maria é especial: “feliz
porque acreditou” e “bendita entre as mulheres”. Que cena linda: o encontro de
duas mulheres, o cuidado cotidiano de uma com a outra, os sonhos e as esperanças
em torno ao filho que vai nascer. Maria experimenta a alegria de ser
missionária, de partilhar tempo e energia com quem necessita de proteção e
ajuda. Pois há mais alegria em dar do que em receber!
(3) O cântico de
Maria (Lc 1,46-55): este hino de louvor foi chamado de “Magnificat”,
primeira palavra da sua tradução latina, que significa “engrandecer”, ou “cantar
as maravilhas”. Maria está cheia do Espírito Santo e proclama as grandezas de
Deus na sua história pessoal e na história de seu povo. É um cântico de alegria
e de consciência profética, pois anuncia que Deus quer realizar a justiça na
sociedade. Maria nos ensina a exercitar a ação de graças, a reconhecer os
sinais de Deus na existência pessoal e nas práticas coletivas.
(4) O nascimento de
Jesus (Lc 2,1-19): o nascimento de Jesus foi motivo de alegria para todo o
povo, a começar dos mais pobres, representados pelos pastores. No céu e na
terra! Todas as pessoas do Bem sentem-se amados por Deus, no momento em que seu
Filho assume a natureza humana. Maria participa desta alegria de maneira única,
como protagonista. Ela é a mãe do filho de Deus encarnado. Gerou, gestou e deu
à luz à Jesus.
(5) Alegria na missão
de Jesus: Maria ficou muito feliz, ao ver seu filho anunciar o Reino de
Deus, curar os doentes, acolher os pobres e marginalizados, formar discípulos e
discípulas. Eles experimentam um imenso prazer, quando percebem que Jesus é o
vinho novo (Jo 2,10-11)! Jesus realiza as grandes esperanças de seu povo.
Quanta alegria Maria viveu, ao acompanhar a missão de Cristo, como mãe e
aprendiz.
(6) Euforia da
ressurreição: Depois de viver a trágica
experiência da sua morte, Maria e os seguidores de Jesus provaram uma alegria
sem par. Jesus está vivo! Ele nos dá a paz. Ele venceu a morte! (Jo 20,20-21). A
ressurreição fez a comunidade compreender que o Homem de Nazaré é o Filho de
Deus! Com este novo olhar, entenderam tantas coisas que Jesus fez e disse.
Maria participa da ressurreição de Jesus de forma original: refaz lembranças,
ilumina fatos, nutre sua fé, faz-se presente como mãe da comunidade.
(7) A alegria de
Pentecostes: O mesmo Espírito de Deus, que fecundou Maria e acompanhou
Jesus, agora fecunda a comunidade cristã. Cria a comunhão na diversidade, reúne
o novo Povo de Deus para além das fronteiras do judaísmo (At 2). Maria, que
junto com outras mulheres e os familiares de Jesus, orou com os apóstolos (At
1,14), acompanha a comunidade de forma discreta. É o tempo que se estende até
hoje! A alegria de Maria e dos outros seguidores de Jesus se transforma na
nossa alegria.
Ao percorrer as sete alegrias de Maria, cada cristão se
reconhece nelas. Nossa vida de fé está marcada por muitos sinais de Deus que
nos consolam, fortalecem e estimulam. Com Maria, cantamos, sorrindo: “O Senhor
fez em nós maravilhas, Santo é o seu nome” (Lc 1,49).