Lucas relata que, logo depois da anunciação, Maria partiu
para a região montanhosa, onde morava sua parenta Isabel, casada com Zacarias (Lc
1,39-40). Isabel estava grávida de João Batista, o que era maravilhoso, pois
ambos tinham idade avançada e Isabel, incapaz de ter filhos (1,7). Para os
judeu, era triste chegar ao fim da vida sem deixar descendência.
Naquele tempo, sem recursos médicos, tal gravidez de risco
exigia cuidados especiais. Isabel estava no sexto mês de gravidez. E lá foi
Maria, apressadamente. Sim, o amor
tem pressa. Não espera, antecipa-se, cuida, zela. Mas, pensando bem, que
contribuição poderia dar uma adolescente como Maria, sem experiência de
gravidez e parto? Não haveria outras mulheres e parentes vizinhas, mais aptas
para isso? E pelo jeito, Maria ficou lá três meses e voltou antes do menino
nascer (1,56-58).
A solidariedade se move por razões além da mera eficácia.
Maria vai ao encontro de Isabel, porque o “sim” a Deus levava a um “eis-me
aqui” para a pessoa humana em necessidade. A raiz da solidariedade não reside
em fazer coisas ou dar objetos que sobram, mas sim fazer-se próximo, como Jesus
conta na parábola do bom samaritano (Lc 10,29-37). Não aconteceu uma visitinha
rápida, mas um permanecer na casa de Isabel durante 90 dias. Maria é exemplo
dos cristãos solidários e missionários.
O que Maria leva para Isabel? Em primeiro lugar, o
contentamento que ela recebe de Deus (1,28). O feto de João Batista vibra de
alegria (1,41.44) dentro de Isabel, logo que Maria saúda sua parenta. Ela,
cheia do Espírito Santo, proclama: “Bendita é você entre as mulheres e bendito
é o fruto do seu ventre” (1,42). Não precisou falar nada. Bastou o encontro, a
troca de olhares, o gesto de acolhida. Além disso, as duas compartilharam
durante estes meses as alegrias e esperanças de duas mulheres grávidas. Maria
ensinou e aprendeu muito com Isabel. E as duas não estavam sozinhas, pois as
famílias judaicas se reuniam como clãs, com muitos parentes em volta. Aconteceu
uma “comunidade solidária” de mulheres. Por fim, este encontro prenuncia a
relação futura de João Batista com Jesus e prepara cântico de louvor entoado
por Maria (1,46-55).
A Mãe de Jesus nos ensina a beleza e o valor dos encontros e
das visitas. Que ela suscite em nós o ardor missionário de quem se faz próximo,
para ajudar, compartilhar e aprender, na grande escola da vida.
Afonso Murad - 3ª Reflexão do Ano Mariano - Folheto O
DOMINGO, 21/5/17
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