sábado, 31 de dezembro de 2016

Maria, servidora e amiga

Os capítulos 13 a 16 do Evangelho de João nos apresentam uma “grande despedida” de Jesus. Antes de caminhar para a morte e ressurreição, ele prepara os seus discípulos para os grandes desafios que eles enfrentarão, sem a sua presença física. João 13 começa com um gesto derradeiro: Jesus lava os pés dos seus seguidores. E diz com clareza: Vocês serão felizes se seguirem o meu exemplo. Sejam servidores (servos) uns dos outros (Jo 13,13-17).

Você se recorda da primeira cena na qual Maria aparece nos evangelhos? É a anunciação, na qual o anjo Gabriel se lhe faz a proposta de ser a mãe e educadora do messias que virá. Após um diálogo, ela responde com inteireza: “Eis aqui a serva/servidora do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lc 1,38). E logo sai apressadamente para ajudar sua parenta Isabel. Maria é a primeira que nos ensina a lição do lavapés: servir a Deus e a quem necessita da gente.
Voltemos ao discurso de Jesus, com seus alertas e recomendações. Percebendo que a sua comunidade passaria por crises e dificuldades, ele diz: “Não se perturbe o coração do vocês. Guardem meus mandamentos. Cultivem a paz. Acolham o Espírito Santo” (Jo 14). Em seguida, Jesus pede que permaneçamos unidos a ele; como a rama precisa da seiva da árvore para manter-se viva e dar frutos (Jo 15).

Maria é o exemplo de vida do cristão, que se mantém unido a Jesus. Ela não somente ouve a Palavra, que era o próprio filho, mas também medita no coração, buscando descobrir o seu sentido (Lc 2,19.51). Permanece unida a Jesus e à sua comunidade, de Caná até a cruz, da anunciação até pentecostes.
Jesus surpreende seus seguidores, quando diz: “E não chamo vocês mais de servos, e sim de amigos, pois revelei a vocês tudo o que recebi de meu pai” (Jo 15,14). Jesus, nosso mestre e Senhor dá um passo a mais. Ele nos faz seus amigos. Ele quer que tenhamos o espírito de serviço, mas sejamos livres, com dignidade e consciência. Não como um empregado que faz as coisas somente porque “o patrão manda”.Assim, “pela fé em Cristo, temos a liberdade de nos aproximarmos de Deus com toda a confiança” (Ef 3,12).


Maria é servidora e amiga. Ensinou e a aprendeu de Jesus a viver relações de amizade: com Isabel, com os parentes em Nazaré, com os pastores em Belém, com Pedro, Madalena, João e todos os que fazem parte de nova família dos homens e mulheres que seguiam Jesus. Maria também é amiga de Deus. Viveu aquela intimidade com Jesus, de maneira única. Reuniu os discípulos em torno dele, já no começo de sua missão em Caná. Maria não é somente nossa mãe. É também nossa amiga. E amiga de Deus!
(Publicado na Revista de Aparecida)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016