quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Maria nos abraça e nos leva a Jesus

Quando vemos alguém pela primeira vez, costumamos apertar sua mão e dizer: “muito prazer” ou uma frase parecida. À medida que as pessoas se tornam mais próximas,  o gesto se prolonga. Elas se olham, trocam sorrisos. Dependendo da região e da cultura local, parentes e amigos se saúdam com um abraço ou beijo no rosto. Há abraços e beijos meramente formais, de pessoas que nem se conhecem bem. Perigosos são aqueles gestos fingidos, como o beijo de traição, que Judas deu em Jesus.

Existem abraços que vem do fundo do coração, a ponto de substituir qualquer palavra. Abraço de sintonia na dor, quando alguém perde um parente próximo. Abraço de contentamento, diante de uma vitória alcançada. Abraço silencioso de amor e afeto, transmitindo ‘’estou ao seu lado, conte comigo’. A expressão ‘abraçar’ também se aplica de forma simbólica, para expressar um compromisso de vida. Assim, dizemos que Dom Helder Câmara “abraçou” a causa da justiça, em defesa dos mais pobres.
Ser abraçado pelo amor de alguém é receber gratuitamente seu afeto e sua atenção. 

Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, experimentou na sua vida o grande abraço de Deus. É este o sentido da expressão “agraciada”, “cheia de graça” e “encontraste graça diante de Deus”, na anunciação (Lc 1,28.30). O Senhor olhou para ela com amor, preparou-a para a bela e desafiante missão de mãe e educadora de Jesus. Como era uma pessoa inteira, que tinha consciência de ser amada por Deus, Maria expandiu este amor muitas vezes com gestos carinhosos, ternos e acolhedores. Você já imaginou o abraço que ela deu em Isabel, quando as duas se encontraram? Durante sua vida, Maria deve ter abraçado e recebido muitos abraços de José, seu fiel companheiro, e de Jesus. E não somente isso. Em Caná, ela ‘abraçou’ a causa dos noivos em necessidade. Na cruz, recebeu o terno abraço de João e ‘abraçou’ a nova missão de ser mãe da comunidade (Jo 19,26-27).


Há gente que abraça e quer reter para si. Em vez de laços de afeto, lança correntes que aprisionam. Não é o caso de Maria. Durante sua vida em Belém, em Nazaré e em Jerusalém, ela amava sem reter. Abraçava sem agarrar. Um amor livre, despojado. 

Hoje, na glória de Deus, Maria nos abraça carinhosamente. Ouve nossos clamores. Compreende 
nossas dores. Alegra-se com nossas alegrias. Um abraço que tem o tamanho do mundo, pois se estende a todos. Abraço que não segura ninguém para si, e sim nos entrega livremente nos braços de Jesus, nosso mestre e Senhor. 
Amém.