domingo, 5 de julho de 2015

Maria, nossa mãe

Desde criança, Lena sonhava em ser mãe. Ninava as bonecas, trocava a roupa delas, colocava-as na cama para dormir. O tempo passou rápido e Maria Helena se tornou adulta. Fez um curso técnico de enfermagem e durante muitos anos trabalhou em hospital. Depois, concluiu o curso superior. Trabalhava com afinco. Descobriu que a realização profissional também era importante na vida. Casou-se e teve somente um filho. Os três formavam uma família encantadora. De vez em quando, algum conflito. Mas as coisas se resolviam. Quando seu filho completou 18 anos, Lena pensou que sua missão de mãe estava se completando. O rapaz frequentava a faculdade, tinha um bom emprego e estava namorando. Sem dizer nada pra ninguém, ela se imaginava como avó, segurando novamente nos braços um bebê, olhando nos seus olhos, encantando-se com suas descobertas. Então, aconteceu uma tragédia: o filho único morreu num acidente de carro. Lena e o marido ficaram desolados! Parecia que Deus lhe havia tirado o dom mais precioso da vida. Por que, para que? Ela perguntava, sem ter resposta.

Lena pediu muito a Deus para aceitar esta situação, tão absurda. No aconchego do lar, nas noites tristes, conversava com o marido: um grande sonho acabou! O que vai ser de mim agora, como mãe? Em seu trabalho como enfermeira, percebeu como muitas adolescentes grávidas vinham para fazer o acompanhamento pré-natal. Certo dia, encontrou uma delas sentada no banco de espera. Aproximou-se, olhou-a nos olhos. Não precisou muita conversa para perceber como a menina de 14 anos estava confusa e desemparada. O namorado não assumiu a paternidade. Os pais queriam expulsá-la de casa. Não tinha emprego nem condições de preparar o enxoval do futuro bebê. De repente, Lena redescobriu sua vocação de mãe: ela iria ajudar a menina a reconstruir sua vida. Na semana seguinte Lena começou a concretizar o novo sonho de mãe. Dedicou um tempo semanal para escutar as mulheres grávidas e ajudá-las. Conversou com algumas amigas, arrumou um dinheirinho com a prefeitura, criou um mutirão para recolher material reutilizado para bebês, como berços e carrinhos. A iniciativa se consolidou com uma Associação de proteção às adolescentes e mulheres grávidas na sua cidade. Atualmente, já aposentada, Lena diz: “hoje sou a mãe de muitas mulheres que precisam. Aprendi a trata-las não como coitadinhas, mas como pessoas que merecem ser valorizadas. A associação é uma comunidade de mulheres que se ajudam. Quem já passou pela experiência, fortalece as outras”.

Maria de Nazaré também sonhava em ser mãe, como era costume no seu tempo. Quando recebeu o anúncio do anjo de Deus, ficou surpresa e feliz! Após um momento de diálogo e de reflexão, aceitou com inteireza o convite de Deus. E assim, o Filho de Deus se fez humano como nós, em Jesus de Nazaré. Maria e José exerceram sua missão de pais e educadores com muito zelo. Conta-se que José faleceu antes que Jesus partisse em missão. E quando o mestre caminhava pelas vilas e cidades, com seus seguidores e seguidoras, Maria ia junto, escutando a palavra, guardando no coração e frutificando.

Numa sexta-feira, em Jerusalém, aconteceu o momento mais triste da vida de Maria. O filho único e tão querido, Jesus, foi condenado à morte injustamente e terminou sua vida de forma horrível, na cruz. Maria deve ter pensado: acabou o meu sonho de mãe! Mas então, ocorreu algo extraordinário. Jesus delegou para ela a missão de mãe da comunidade! Disse para o discípulo amado: “Eis aí a tua mãe”. Maria entendeu. Agora ela não cuidaria somente de um, mas sim da multidão de seguidores de Jesus. Ela, nossa irmã na fé, se tornou a mãe de todos. Até hoje, na comunhão dos santos, com ela podemos contar! Ela está com a gente!  Viva, Maria, nossa mãe!

Ir. Afonso Murad - Publicado na "Revista de Aparecida"