quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O que Maria não pode

(Padre Zezinho, “Maria do Jeito Certo”, Paulinas, p.71-72)

Maria vem depois do Cristo. É isso que a faz tão especial. Ela o segue.
Comecemos com uma palavra de irmão que leva a pensar. Se você gosta de Maria e fala dela com ternura, então pergunte-se: sua linguagem traz excesso de louvor a Maria? Maria pode ser louvada acima do Filho? A mãe pode ser mais lembrada do que o Filho?
Examine as expressões abaixo registradas. Onde está o erro ou a imprecisão delas?
- Ó Maria, teu nascimento nos trouxe a salvação.
- O terceiro milênio será de Maria.
- Todas as graças do céu nos vêm através de Maria.
- Tudo por Jesus, nada sem Maria.
- Se Jesus não atende, peça à mãe dele que você consegue!
- O terço é uma oração infalível. Maria sempre atende!
- O terço salvará o mundo.
- Ó Maria, concede-nos esta graça!
- Maria é mãe da Trindade.
- Maria está naquela hóstia.
- Jesus é o Filho da Rainha.

Agora responda a estas perguntas:
- Quem nos trouxe a salvação: Jesus ou Maria?
- O tempo, as coisas, os povos, a quem pertencem?
- Deus teria sempre que nos dar suas graças por Maria?
- Que conceito temos de Jesus? Ele se negaria a nos atender?
- Por que ele não atenderia e Maria sim?
- O que disse o Papa em 2002 sobre o rosário?
- O titular do Reino de Deus é Maria ou é Jesus?
- Qual o poder da reza do terço?
- Garantir a salvação pela reza do rosário não é exagerar a força de uma devoção que a Igreja acha muito salutar, mas não considera obrigatória?
- Quem pode nos conceder uma graça?

Um católico bem versado no catecismo sabe da importância que a Igreja dá a Maria como primeira cristã, exemplo de oração e de fidelidade ao Filho. Mas, quando, para exaltá-la, passamos por cima da doutrina da Igreja, mais prejudicamos do que ajudamos a fé católica.
Maria não é igual a Jesus. Ele é o Filho de Deus, e ela não é. Então, por que alguns se ofendem quando um pregador sugere que se fale mais de Jesus nos encontros, inclusive nos encontros para estudar Maria? Por que dizem que a sugestão de se redimensionar o seu louvor em alguns grupos é querer diminuí-la? A verdade a diminuiria?
Tudo aquilo que se refere a ela deve ser dito com clareza. Maria sabe o lugar dela. Nós é que precisamos reler o que a Igreja tem dito oficialmente sobre ela. Em Maria, o verbo “poder” vem depois do verbo “pedir”. Em Cristo, ele vem antes.

Desenho: Irmão Anderson, MSC.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Dogmas marianos (síntese)

Cada dogma nos diz que Maria é uma pessoa humana como nós, mas muito especial. Os dogmas mostram algo de seu mistério, que não se percebe com um olhar superficial. Maria é como a terra virgem, cheia de viço, aberta para ser fecundada por Deus. Ao acolher o imenso dom do Senhor, ela se torna a mãe do Filho de Deus encarnado. Assim, ensina a humanidade a desenvolver os traços do amor materno.

Quando olhamos para Maria imaculada, essa mulher tão cheia de Deus, descobrimos que a vida dela foi como empinar uma pipa. Deus lhe deu o vento do Espírito, que soprava sobre ela sem resistências. E ela correspondeu sempre, com liberdade e generosidade. Soltava a linha, cada vez mais, realizando vôos leves, ousados e belos. E o final de sua peregrinação nesse mundo só podia ser bom. Maria é a mulher de Nazaré, mãe e educadora do Messias. Ela se torna a perfeita discípula de Jesus, que ouve a Palavra, medita e a põe em prática. Age também como mãe da comunidade. E Deus assume de tal maneira sua pessoa e sua missão, que Maria hoje está glorificada junto do seu Filho e dos santos, pela assunção.

Toda de Deus e muito humana: eis o segredo dos dogmas sobre Maria. Um segredo que nos ajuda a ser mais autênticos seguidores de Jesus, como ela.