domingo, 30 de novembro de 2008

Oração: Eis-me aqui!

Senhor, na Tua presença me alegro,
Como uma criança diante do brinquedo desejado.
E tu brincas comigo, e eu contigo.
Em Ti me alegro, pois Tu és a grande Boa-Notícia.
Obrigado por receber tantos dons.
Sinto muitos sinais do Teu amor e da tua misericórdia na minha vida.
Assim, venho agradecido, me alegrar na Tua presença.
E, como Maria, digo que podes contar comigo.
Quero ajudar a realizar o teu sonho sobre a humanidade.
Eis-me aqui, como teu Servo.
Eu quero que se faça em mim segundo a tua vontade.
Tu estás comigo.
Teu Espírito repousa sobre mim.
Tu estás em mim.
Ouço a tua voz:
Alegra-te, agraciado, o Senhor está contigo!
Eis-me aqui!

Maria acolhe a proposta de Deus


Você já deve ter lido o relato da anunciação (Lc 1,26-38). Ele se assemelha a outras cenas de anúncio de nascimento na Bíblia, como a Abraão (Gen 17,19-21), à mãe de Sansão (Jz 13,1-6), e à Zacarias (Lc 1,5-20). É um gênero literário com os mesmos elementos. Deus toma a iniciativa. Anuncia que virá uma criança importante, para contribuir no processo de libertação e salvação do seu povo. Às vezes, há obstáculos a serem superados. A pessoa questiona e Deus lhe oferece um sinal. O anúncio a Maria, em Lucas, tem algo original. Não só prepara o nascimento de Jesus, mas também mostra a vocação de Maria e sua resposta generosa.
O enviado de Deus começa com uma saudação simples: “Alegra-te, Maria” (Lc 1,28). Convida-a a participar da alegria do novo tempo, que começa com a vinda de Jesus (Lc 1,14.44.58 e 2,10). Lucas destaca a alegria como um sinal próprio de Jesus e de seus seguidores (Lc 10,17.21; 19,37; 24,52). Maria também é convidada a se alegrar.
Ela recebe um nome especial, que nenhuma outra pessoa tem na Bíblia: “agraciada” (Lc 1,28). A seguir, diz-se que “o Senhor está contigo”. Na Sagrada Escritura, quando a pessoa tem uma missão importante e difícil, recebe de Deus a promessa que não estará sozinha, pois Ele vai lhe dar força para realizá-la. Veja por exemplo, na vocação de Isaac (Gn 26,3.24), de Jacó (Gn 28,15), de Moisés (Ex 3,11s e 4,12), de Gedeão (Jz 6,12) e de Jeremias (Jer 1,19). Ao dizer: “o Senhor está contigo”, pede-se que a pessoa não tenha medo, confie em Deus e se comprometa. Assim também acontece com Maria.
As expressões iniciais colocadas nos lábios do enviado de Deus, estão cheias de sentido e nos falam de Maria e de sua missão:
Alegra-te: Maria, venha participar da alegria do tempo do Messias, que está chegando!
Cheia de Graça: Você é alguém muito especial, agraciada por Deus, contemplada por Ele.
O Senhor está contigo: Você terá uma missão exigente, mas o Senhor estará do seu lado, dando-lhe força para realizar o que Ele lhe pede.
Diante da proposta de Deus, Maria responde prontamente. O seu “sim” ecoa forte e sem ressalvas. Maria une a liberdade com a vontade: “Eis aqui a servidora do Senhor. Eu quero que se faça em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1,37). Essa entrega do coração a Deus tem um nome muito simples: fé. Significa arriscar-se e jogar-se nas mãos do Senhor com confiança. Na visita a Isabel, essa lhe diz: “Feliz aquela que acreditou. Tudo o que o Senhor te disse, acontecerá” (Lc 1,45).
Maria não somente ouviu, mas escutou a palavra, acolheu-a no coração. Abriu seu espaço interior, deixou Deus entrar. Saiu de si e investiu sua vida num grande projeto. Lucas nos apresenta Maria como a primeira discípula cristã. Com a anunciação, ela inicia um longo caminho de peregrinação na fé, acolhendo o apelo de Deus. Aceita a proposta do Senhor com o coração aberto, num grande gesto de generosidade e de fé.
Como Maria, nós também recebemos um apelo divino. Temos na lembrança ao menos uma ocasião na vida, na qual Deus nos tocou de forma especial: um retiro, um encontro, conhecer uma pessoa, uma vitória almejada, a superação do sofrimento... Situações na qual sentimos que Deus nos comunicou algo novo, original, forte, que mudou para melhor nosso caminho de vida.
A anunciação a Maria nos lembra que somos também agraciados por Deus, que Ele está conosco, que nos chama a uma missão, e que sua presença produz alegria em nós.
A vocação de Maria é como um espelho para a vocação cristã. Olhando para ela, a gente se vê melhor, enquanto discípulo e seguidor de Jesus.